Desde novembro de 2013, o Hospital das Clínicas realiza cirurgia de cura da epilepsia. A cirurgia é indicada para pacientes cujos sintomas não são controlados com medicamentos, e consiste na remoção do chamado foco epileptogênico, parte do cérebro responsável pela anomalia.
O
Acre se tornou o primeiro estado da Região Norte a realizar cirurgia de cura da
epilepsia, em novembro de 2013. Em quatro meses, foram realizadas cinco
cirurgias bem sucedidas de cura da doença, no Hospital das Clínicas (HC) de Rio
Branco.
“A
cirurgia é indicada para pacientes cujos sintomas não são controlados com
medicamentos, e consiste na remoção do chamado foco epileptogênico, parte do
cérebro responsável pela anomalia”, explica o médico neurocirurgião Ivan Ortiz.
Ortiz
ressalta que no Acre foram diagnosticadas, aproximadamente, sete mil pessoas
com epilepsia. Desse total, de 20% a 30% são indicados para a cirurgia. “O
tratamento cirúrgico é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com a
realização desse tipo de cirurgia, o estado abre portas para uma nova forma de
cura a pacientes que sofrem com essa doença neurológica”, declarou.
De
acordo com a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, esse é um ganho para
saúde estadual sem precedentes. “O SUS ofertando esse serviço aqui mesmo, no
estado. É um ganho enorme para essas famílias, haja vista que essa cirurgia
realizada na rede privada de saúde custa, em média, de R$ 120 a 150 mil”,
enfatiza.
Vida nova
Entre
os cinco pacientes que passaram pela cirurgia no Acre está Benedito Lima
Cavalcante, 32. Ele conviveu com a doença desde os seis anos de idade e chegou
a ter até 15 convulsões em um único dia. “Era crítico o meu estado. Não podia
ficar sozinho, sair na rua nem estudar. Após a cirurgia, realizada em março
deste ano, sinto-me liberto e com vigor, pois, graças a Deus e à equipe médica,
há três meses não sei mais o que é uma convulsão epilética”, lembra.
Para
Ana Cássia Pontes, que realizou a cirurgia de epilepsia em fevereiro, o momento
agora é de recomeço. “A convivência com a epilepsia não foi
fácil. É muito constrangedor passar pelo que passei. Infelizmente, um ataque
epiléptico não escolhe hora nem lugar para acontecer. Hoje não sofro mais com
isso e tenho muitos planos para uma nova vida”, destaca Ana Cássia.
Antônio
Jorge Idelfonso, irmão do paciente Cícero Idelfonso, relata todo o sofrimento
que é ter uma pessoa na família que sofre com epilepsia. “Meu irmão começou a ter os
ataques epiléticos aos dois anos de idade. Ele não conseguia se comunicar,
fazer a higiene pessoal e sofria com os constantes machucados decorrentes das
quedas que ocorriam no momento das convulsões”, conta.
Antônio
Jorge diz que, quando uma família tem um doente com epilepsia, a rotina de
todos muda e passa a ser em prol do paciente. “Hoje, Cícero tem 31 anos. Ele
passou pela cirurgia em abril, e aos poucos está conhecendo os prazeres da
vida. Fico emocionado ao ver meu irmão fazer uma simples atividade, como jogar
bola. É muito bom saber que muitos pacientes e familiares podem contar com essa
cura que veio para o nosso estado”, finalizou.
Entenda a epilepsia
A
epilepsia é o mais comum dos distúrbios neurológicos. A doença é descrita como
uma alteração temporária e reversível do cérebro que não tenha sido causada por
febre, drogas ou distúrbios metabólicos.
A
crise convulsiva é a manifestação mais conhecida da doença, identificada como
“ataque epiléptico”. Nesse tipo de crise, são comuns as contrações musculares
em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa e respiração ofegante.
Seu
tratamento é feito por meio de medicamentos que evitam as descargas elétricas
cerebrais anormais, que são a origem das crises. Acredita-se que pelo menos 25%
dos pacientes com epilepsia no Brasil são portadores de estágios mais graves,
ou seja, com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, sendo as
crises frequentemente incontroláveis. São candidatos a intervenção cirúrgica.
Da
Assessoria
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