O
ex-atacante criticou o desequilíbrio emocional dos jogadores e a postura de
Felipão, técnico do Brasil, à beira do campo."Jogamos muito mal.
Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos
admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de
reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o
time".
Crítico
assíduo da seleção brasileira e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol),
Romário, ex-jogador e hoje deputado federal, detonou a seleção brasileira
depois da humilhante goleada para a Alemanha por 7 a 1, nesta terça-feira, no
Mineirão, pelas semifinais da Copa do Mundo.
O
deputado federal voltou a chamar a CBF de "instituição corrupta" e
alegou que a entidade usa as cores do Brasil para o seu próprio enriquecimento.
"Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da
Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um
patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira,
nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos
jogadores", escreveu o ex-jogador, que emendou: "Um bando de ladrões,
corruptos e quadrilheiros!", ao citar os cartolas.
Em
outra parte do post, Romário ataca o presidente da CBF, José Maria Marin, de
forma direta, chama o mandatário de 'ladrão de medalha' e também lembra as
investigações sobre Marco Polo Del Nero, sucessor de Marin no cargo.
"O
presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de
terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice,
recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por
possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de
quadrilha", publicou.
Por
fim, Romário critica o governo brasileiro."E toda essa má gestão que tem
destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo
Congresso Nacional com anistias e mais anistias destes débitos".
Confira
o post de Romário, na íntegra:
Galera,
Passado
o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente
interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já
perdemos a Copa de goleada!
Infelizmente,
dentro de campo, não foi diferente.
Ontém
foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de
questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o
mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu
melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.
Porém,
se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha
apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente,
levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva
de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos
jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.
Vivemos
uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é
problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.
Nosso
futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm
talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo
nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de
ladrões, corruptos e quadrilheiros!
O
meu sentimento é de revolta.
Estou
há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação
Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de
altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e,
o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se
iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro.
Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do
Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção
política do Governo Federal no nosso futebol.
Em
2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos
envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção,
evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da
empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois
anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique
Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se
instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente,
está na hora?
Exceto
por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma
derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo
devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A
arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de
imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o
Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro jogos de
suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi
muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria
Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da
ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido,
investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o
sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o
nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?
Marin
e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!
A
corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que
são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os
mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange
e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes
dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para
antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam
de se manter no poder com um quadro desfavorável.
E
os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões
fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes
clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e
não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.
E
toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido
respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes
débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os
clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e
investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma
de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo.
Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma
proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de
dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras
para clubes e CBF.
Em
resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o
Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial – obrigava a CBF a
contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos
e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos
âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio,
venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira,
vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das
partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria
destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o
Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à
entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do
TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.
Mas
este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram
os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar
nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da
CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que
amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos
(PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido
(PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).
Essa
partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da
Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?
O
futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não
foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do
futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque
não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A
resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai
jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte
e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com
essas escolhas?
Para
fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú, capitão de seleção
do pentacampeaonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os
jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa
história.
Dilma
tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do
valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós
ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque
imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo
feliz.
Essa
será a taça da vergonha.
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