O
tenente-coronel Marcos Kinpara retornou a Rio Branco após passar seis meses no
Sudão do Sul, país do continente africano, distante mais de 11 mil quilômetros
do Acre. Ele concluiu sua passagem pela Organização das Nações Unidas (ONU)
sendo homenageado com a medalha das Forças de Paz da ONU.
Durante
seis meses o oficial da Polícia Militar do Acre (PM/Ac) serviu a ONU, na
capital do país, em Juba. Além disso, ele trabalhou na Protection of
Civilian(Proteção de Refugiados) e na Administração Logística da operação.
Kinpara
conta que foram dez anos de preparação para enfim realizar a missão tão
sonhada. Ele explica que essa missão é conhecida como a mais difícil e perigosa
entre os militares. “Eu vi ataques, atacaram o local que eu estava 20 minutos
depois que eu saí. Nesse dia fuzilaram sete pessoas. Lá é um país que vive em
guerra, a água é escassa, a comida é escassa. São 66 tribos brigando
constantemente”, descreveu.
Sudão
do Sul é um país extremamente pobre, o tenente-coronel viu colegas de trabalho
morrer de doenças como, por exemplo, malária, cólera, entre outras. Para ele, a
missão foi um sonho realizado que o fez ver o mundo de outra forma. “Foi uma
experiência pessoal e profissional indescritível. Hoje eu sou um profissional e
um ser humano melhor hoje. Hoje eu valorizo até um copo de água”, relatou.
O
oficial se deparou com diversas situações difíceis durante a missão. Porém, uma
delas marcou sua temporada em Juba. “Eu cheguei ao portão da ONU 7h e minha
primeira ocorrência foi uma criança de dez anos que estava lá. Ela falava um
dialeto, procuramos um tradutor e ela nos contou que o pai havia morrido na
guerra e a mãe havia se suicidado. Ela vivia sozinha pelo país. A ONU não pôde
acolher na hora, pois ela era de uma tribo diferente e eles poderiam matar a
criança. Eu fiquei sensibilizado, fiz o que eu pude naquela hora, fui comprar
comida pra criança. A única coisa que eu podia fazer naquele momento era
alimentá-la. Aquilo me marcou muito”, contou emocionado Kinpara.
Durante
a missão o tenente-coronel fez amigos do mundo todo, ele trabalhava de 7h às
17h, de domingo a domingo. Aprendeu a valorizar ainda mais a família, os
amigos, a saúde. “Se antes eu já valorizava agora eu valorizo muito mais. Eu
cresci como homem, como ser humano, como pai, avô”, completou.
Por
fim, Kinpara destacou o apoio do Governo do Estado, Tião Viana, o comandante da
Polícia Militar, coronel Júlio Cesar, o secretário de Segurança, Emylson
Farias, e, principalmente a família. “Acho que a família tem mais méritos do
que eu. Deus me protegeu, Deus me levou e me trouxe com saúde”, concluiu.
Kinpara
é o primeiro acreano a integrar as Forças de Segurança da ONU. Ele passou por
uma seleção nacional e ficou entre os melhores policiais do Brasil. Ele
realizou teste de inglês, direção, tiro e informática. Foi aprovado e submetido
a uma preparação de quatro meses no Rio de Janeiro (RJ), antes de ser enviado
para o Sudão do Sul. O oficial possui nível superior em letras/Inglês e também
é bacharel em Direito e Segurança Pública. Além disso, o militar já participou
de cursos de aperfeiçoamento no Japão e nos Estados Unidos.
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