domingo, 22 de fevereiro de 2015

ACRE SOFRE COM CHUVAS ABUNDANTES E INUNDAÇÕES

TARAUACÁ
Após ter passado um período sem apresentar aumento, o Rio Tarauacá voltou a subir na manhã deste domingo (22) chegando a 10,25 metros, ultrapassando a cota de transbordamento, que é de 9,50 metros. Com isso, o rio já chegou a alagar ruas da cidade de Tarauacá, município acreano distante 400 km da capital Rio Branco, porém, de acordo com a prefeitura, nenhuma família foi levada para abrigo até a manhã deste domingo.
O prefeito da cidade, Rodrigo Damasceno, informou ao G1 que, mesmo que nenhuma família tenha sido retirada, foi discutido planos de ações para a cheia que, segundo ele, deve ter maiores proporções nos próximos dias.
"O rio deve continuar aumentado, pois, as informações que temos tanto do Jordão, como do Novo Porto, que fica no Muru, é que estão alagados. Ou seja, toda essa água ainda deve chegar aqui", explica.
Esta é a nona cheia que a cidade enfrenta desde novembro de 2014, segundo Damasceno. Questionado sobre os prejuízos, o prefeito lamenta e diz que a situação está difícil de contornar no município acreano.
"Quando essa água desce, as ruas ficam danificadas e quando a gente ajeita, o rio sobre novamente. Isso está sufocando administrativamente a cidade e a população também sofre, porque perde bens, imóveis, quem é da zona rural perde plantação. Se tornou um transtorno crônico com tantas intercorrências", destaca.
Uma reunião foi feita na manhã deste domingo para definir planos de ações, como atendimento médico, distribuição de água potável e também vagas em abrigos. Além disso, a prefeitura também já está disponibilizando transporte para famílias que solicitarem sair da casa.
Desde novembro de 2014, a cidade vem sofrendo com frequentes cheias. Ao todo, segundo a prefeitura, foram nove, sendo que três com maiores proporções, uma registrada em novembro e duas em janeiro.
ASSIS BRASIL
A cheia que atingiu o município de Assis Brasil (AC), na quinta-feira (19), quando o nível do Rio Acre subiu mais de 8 metros em um dia, pegou os moradores de surpresa. A água começou a invadir as casas rapidamente e a população teve pouco tempo para salvar seus pertences. Uma dessas pessoas foi a costureira Marilza Freitas Lopes, moradora do bairro Bela Vista.
Ela conta que a cheia estragou móveis, roupas e danificou o assoalho da casa. "Quero um lugar digno para morar. Perdi móveis, material escolar dos meus filhos, tudo, a situação é desesperadora. Nós não escolhemos morar aqui. Não sei como vai ser, o chão da minha casa rachou", desabafa enquanto observa a lama deixada após enchente.
Nesta sexta-feira (20), o rio começou a vazar em Assis Brasil e já baixou mais de três metros. Das famílias atingidas, 169 no total, de acordo com a Defesa Civil do Estado, 40 ficaram desalojadas e começaram a retornar para as suas casas. A cidade peruana de Iñapari, na fronteira com o Acre, chegou a ficar com 80% da cidade inundada pelas águas do rio.
De acordo com prefeito de Assis Brasil, Humberto Filho, após a cheia de 2012, a cidade montou um plano de contingência. "Por isso, dessa vez estávamos mais preparados", acrescenta.
Para o prefeito, a preocupação agora é em relação às doenças. "Agora temos que lidar com o problema das epidemias e endemias. Só temos três postos de saúde e não temos plantonistas 24 horas", reclamou.
Enquanto as famílias retornam para casa em Assis Brasil, em Brasiléia a situação é preocupante. Com a vazante em Assis Brasil, o nível do rio elevou em Brasiléia e Epitaciolândia, deixando 7 desabrigados e 18 desalojados nas duas cidades.
Na medição das 16h, o nível do rio em Brasiléia marcava 10,74 metros, subindo em média 4 centímetros por hora. A tendência, segundo a Defesa Civil, é que o rio atinja a cota de transbordamento (11,40 metros) até este sábado (21).
RIO BRANCO
O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordamento na tarde deste domingo (22), em Rio Branco. Durante a medição das 18h, o nível do rio marcou 14,21 metros, acima 21 centímetros da cota de transbordamento.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel George Santos, as equipes do órgão estão monitorando as regiões da cidade que podem ser atingidas pelas águas do rio. "Estamos com o abrigo estruturado, aguardando as demandas surgirem. O rio transbordou, mas isso não significa que tem família desabrigada, estamos fazendo vistorias. Temos 160 boxes montados no Parque de Exposição para receber as famílias que possam ser removidas", garante.
No interior
No município de Xapuri, distante 188 km de Rio Branco, o nível do rio chegou aos 14,56 metros, às 15h deste domingo, sendo que a cota de transbordamento é de 13,40 metros. Segundo a Defesa Civil Estadual, mais de 30 famílias já foram retiradas de suas residências, sendo oito encaminhadas para o abrigo da cidade e as demais alojadas em casas de parentes.
"Estamos tendo a cada hora um acréscimo em torno de 15 a 18 centímetros por hora. Estamos recebendo a demanda das chuvas que ocorrem na cidade de Xapuri, mais as chuvas do município de Brasiléia", explica o coordenador da Defesa Civil de Xapuri, Jocires Ângelo.
Em Assis Brasil, o nível do rio diminuiu 42 centímetros e registrou a marca de 10,96 metros. Na manhã deste domingo, as águas marcavam 11,38 metros. O Riozinho do Rola marcou 11,83 metros, apontando 66 cm a mais da cota registrada na manhã deste domingo, que era de 11,17 metros.
Já em Sena Madureira, o Rio Iaco está a 20 cm da cota de transbordamento, que é de 15,20 metros.
BRASILÉIA
Com mais de 600 famílias atingidas pelas águas do Rio Acre, o governador do estado, Tião Viana, decretou estado de emergência no município de Brasiléia, distante 232 quilômetros da capital acreana. Na medição realizada ao meio-dia deste domingo (22), o nível do rio atingiu 13,52 metros, 2,12  metros acima da cota de transbordamento, que é de 11,40 metros.  O governador visitou neste domingo os municípios  de Brasiléia, Assis Brasil e Xapuri, os mais atingidos pelas águas do Rio Acre. O Rio Acre em Brasiléia, segundo a Defesa Civil, está sem leitura na tarde de domingo.
Com informações do G1.

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