Um
relatório técnico elaborado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT) para o Acre e Rondônia, explica as reais causas do
desmoronamento que ocorre há vários meses na cabeceira da ponte de Tarauacá
(AC). Para os especialistas, houve erro na hora de construir a ponte, o que,
agora, daria aos cofres públicos um gasto maior que R$ 1,7 milhão para uma
correção.
O material foi encaminhado ao presidente da
Comissão de Obras da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado
estadual Jesus Sérgio (PDT), que mesmo fazendo parte da base governista tem
criticado de forma bastante acentuada a postura do poder público frente aos
protestos que moradores e comerciantes, tanto do município, como do Vale do
Juruá, têm feito temendo o cerramento da rodovia BR-364.
“A
verdade é que se essa ponte realmente for interditada, findaremos com o tráfego
de veículo na rodovia totalmente prejudicado. Isso pode causar um grave
desabastecimento em toda a parte alta do nosso estado. Jordão e Santa Rosa, por
exemplo, já estão com prateleiras vazias, imagine só se essa ponte ceder
definitivamente. Como é que essas pessoas vão ficar?”,
questiona o parlamentar.
Segundo o pedetista, para
que o problema fosse resolvido, seria necessário o montante de R$ 1.737.377,19, em forma de aditivo
contratual, contudo, no momento, não há condição financeira para isso.
“O que o
Dnit propõe é que seja construído um ‘muro gabião’, porém o custo disso é
bastante alto. Hoje, o Dnit tem um contrato com o Deracre que, aliás, está
valendo, mas acontece que o dinheiro repassado pelo convênio já acabou, e aí,
fica a dúvida sobre quem vai de fato resolver isso”, diz o
deputado.
Para o
Dnit, as obras de recuperação da ponte devem ser vistas de duas formas: “imediata
e emergencial, a fim de proteger o patrimônio público”, e, ainda, como
forma de garantir o “fluxo na rodovia até que uma solução definitiva seja implementada”
pelo poder público, pondo fim a essa problemática que mantém o interior do Acre
em atenção total.
Deputado
Jesus Sergio crítica situação da ponte
Na
verdade, relata o Departamento Nacional, é impossível resolver o problema sem
uma interferência no leito do rio, ou seja, seria necessário alterar o fluxo
normal do manancial, nas adjacências da ponte, evitando, portanto, que outros
problemas semelhantes acabem aparecendo no local.
“Será
necessário um grande período de tempo, o que impossibilitaria que a solução
fosse concretizada antes do período de cheia do rio”, completa
o documento a que o ac24horas teve acesso.
De acordo
com os técnicos do Dnit, a ponte foi colocada no lugar errado, e sugere que
quando os engenheiros do governo visitaram o local da obra, não houve atenção às
mudanças que o leito do rio vinha apresentando nas últimas décadas, o que ainda
acontece atualmente.
A ponte,
que está localizada numa curva, deveria ter sido construída num outro extremo
do rio, a alguns metros, o que levaria a um desvio num dos trechos da rodovia
federal, antes de entrar no perímetro urbano do município. “A ponte deveria ter sido
construída na jusante da curva maior e, não, a montante, como foi construída”,
diz o relatório.
Reportagem publicada dia 02.03.2016 - João Renato Jácome, do ac24horas
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