Um estudo iniciado há dois anos na
França comprova a eficácia da utilização pontual do medicamento Truvada para
evitar a contaminação pelo HIV. A pesquisa, batizada de Ipergay, contou com a
participação de mais de 400 voluntários – homens, homossexuais e sujeitos a
manter relações sexuais com risco de transmissão. Os resultados mostram
eficácia de 80% na prevenção do vírus.
Ao
contrário de pesquisas nos Estados Unidos e Inglaterra com o Truvada como
prevenção, tomado de maneira regular, o estudo francês Ipergay administra o
medicamento horas antes de uma relação sexual e horas depois. Jean-Michel
Molina é professor de doenças infecciosas da universidade Paris 7 e chefe do
serviço de doenças infecciosas do hospital Saint-Louis, na capital francesa: “o
que motivou o Ipergay foi tentar diminuir o número de novas contaminações na
França, desenvolvendo novos métodos de prevenção”.
“O
resultado mostrou que não é preciso tomar o Truvada todos os dias, uma
posologia que se mostrou mais eficaz”, explica o médico,
que coordenou o Ipergay, com a participação de mais de 400 pessoas. “Elas
vinham ao hospital a cada dois meses, recebiam o medicamento ou o placebo,
falavam com um conselheiro, recebiam preservativos e gel, passavam por uma
bateria de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e eram
tratados para isso, se fosse o caso, além de serem vacinados contra a
hepatite.”
PÍLULA
DO DIA SEGUINTE
Alexander,
jornalista holandês de origem brasileira, soropositivo desde 2000, teme que o
uso do Truvada se torne uma espécie de pílula do dia seguinte, ou seja, que as
pessoas deixem de lado o uso de preservativos, com a ideia de que “ficou
doente, toma o remédio e tudo bem”. “Não se vê mais as campanhas
agressivas de dez anos atrás, é como se, teoricamente, a Aids tivesse se
tornado uma doença banal, as pessoas não consideram mais a doença como um
bicho-papão, e estão se contaminando por conta disso”. O professor
Molina reforça a importância do uso de preservativos: “a prevenção não é 100% fiável;
uma vacina, se existisse, também não seria”.
Com informações RFI
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