O depoimento do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, à Polícia Federal, que revelou o nome de vários políticos da base aliada do governo e de três governadores, conforme revela a edição desta semana da revista Veja, caiu como uma bomba no governo da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, pode respingar em Marina Silva (PSB), por causa do possível envolvimento do ex-governador Eduardo Campos, e para o senador Jorge Viana (PT), nem o PSDB, do presidenciável Aécio Neves, deve escapar. “E certamente se é desse tamanho tem gente do PSDB até a alma envolvida nisso”, disse o petista ao comentar a teia de políticos envolvidos no esquema, que foi apelidado de “petrolão”, uma alusão ao velho mensalão.
O vice-presidente do Senado considera a denúncia “algo muito grave” e que deve ser apurada, porque até o momento não há algo substancial.
“Vai ter que esperar um pouco. É algo muito grave. A reportagem que saiu na revista não traz substância. Fala que tem citação de nomes, mas obviamente que é algo muitíssimo grave. É um assunto gravíssimo às vésperas de uma eleição. A revista cita até um ex-governador do PSB, cita gente dos partidos que são da base, PMDB, PP, PT. E certamente se é desse tamanho tem gente do PSDB até a alma envolvida nisso. Por isso que eu digo que é uma coisa muito grave. É bom que se tenha acesso a esse processo pra ver se essas denúncias colocadas se consolidam em fato concreto”, completa.
Para Jorge Viana, o escândalo desgasta não só o governo, mas a “política brasileira”. “Eu acho que desgasta a política brasileira, o PSDB, o PSB, e obviamente os partidos que estão junto com a gente, com o PT”, disse.
O senador petista lembra que o caso de distribuição de propina a políticos envolve “de algum jeito financiamento de partido”. Ele lamenta o fato de a reforma política ainda não ter saído do papel no Brasil.
“De algum jeito isso envolve financiamento de partido, de campanha, e o Brasil teima em não uma reforma política. Eu sempre defendo que tirar o financiamento privado de campanha é uma coisa fundamental. Tirar o dinheiro das eleições. Eleições tem que ser limpas e se ninguém não consegue fazer campanha sem dinheiro, ela não deve estar na política. A campanha tem que ser feita com propostas. Isso seria ótimo”, lembra.
De acordo com a revista Veja, o delator Paulo Roberto Costa revelou uma verdadeira constelação de políticos. Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de qualquer governo. Já no grupo de deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado por Paulo Roberto como destinatário da propina. Da lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor, todos os políticos são de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.
Luciano Tavares – da redação de ac24horaslucianotavares.acre@gmail.com
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